segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Projeto nº 04 - Bougainville

Amigos e curiosos, boa noite.

Trago hoje o último projeto que estou desenvolvendo para apresentar-lhes, trata-se do meu primeiro Yamadori (O que é ?). Essa planta foi retirada do jardim de minha mãe, após passar alguns bons meses foiçada pela metade para limpeza da fachada de sua casa. Não tenho fotos de como era, pois há tempos não visita-a e quando cheguei já encontrei desta forma.

Essa bougainville possui uns bons 10 anos de plantada em quintal, contudo, quando a extraí, me surpreendi com a pequena quantidade de raízes de alimentação, quase nenhuma.


Procedi uma poda radical de raízes para coloca-la numa bacia grande e rezar, mas rezar muito para que sobrevisse, afinal, o primeiro yamadori pode não dar muito certo. Fiquei muito inseguro se retirei quantidade suficiente ou demais das raízes.

A seguir como ficou transplantada para a bacia com substrato 50% terra do jardim e onde veio, e os outros 50% uma mistura de areia grossa e caco de telha.


Quando plantada no chão, a mesma não tinha essa inclinação para a direita, que foi necessária para sua acomodação da melhor forma possível na bacia. Após deixa-la repousando por uns bons dias, imaginei se não era possível tentar desenvolver o estilo Shakan como modelo abaixo:




Exatos 30 dias após o yamadori, a bouga começa a dar sinais de recuperação com o crescimento do único ramo da parte superior e pequenos brotos mais abaixo do lado oposto. Sendo o suficiente para me alegrar quanto ao possível sucesso da técnica.



Após consultar alguns colegas pela Net, fiquei sabendo que poderia proceder a poda aérea radical, deixando tão somente, aproximadamente 30 cm de planta, a partir da base, contudo, com muita insegurança e ainda aprendendo a cada movimento, preferi apenas transplanta-la e deixar recupera-la. 

Até porque os colegas me orientaram a deixar crescer, pois como possui pouco sistema radicular periférico, o desenvolvimento dos ramos superiores ajudará o desenvolvimento da raízes também.

Aproximadamente 20 dias após as fotos acima, vejam como se desenvolveu satisfatoriamente, especialmente por estarmos ao fim do verão.
Detalhe daquele pequeno brotinho vermelho que se desenvolveu.

Vejam na foto acima, para minha imensa felicidade a brotação ao pé da base. Sintoma de boas possibilidades. Segundo os colegas internautas, a melhor época para uma pode drástica e radical será ao fim do inverno, por volta de Agosto. Até lá atualizarei a brotação sempre que possível.

Projeto 3 - Jabuticabeira

Boa noite aos amigos,

Volto hoje para postar mais um projeto, o número 3. Este é o projeto que mais mexeu com meus instintos e cuidados por 1) ter sido a muda da jacuticabeira um presente de um amigo que me incentivou no bonsai, 2) por apresentar troncos entrelaçados de forma muito peculiar, como jamais havia visto nem no bonsai nem em outra porte, 3) por acreditar ser possível definir um estilo kengai e 4) por descobrir com os amigos do forum que não era possível extrair um bonsai dela, por não ser uma planta com tres troncos, mas três plantas propositalmente entrelaçadas.

Seguem fotos:







Estilo proposto antes de desfolhar a planta


A seguir a mesma desfolhada para iniciar os trabalhos:

Detalhe do entrelaçamento

Com a desfolha, foi possível perceber que não se tratava de uma planta apenas e após orientações dos amigos e intenautas bonsaístas , assim, iniciei hoje a separação das plantas conforme a seguir, começando pela identificação das raízes:
Recuperação da folhagem com 20 dias

Recuperação da folhagem com 20 dias

O grande torrão com bastante compactação graças as pequenas raízes

Detalhe do sistema radicular

Uma das raízes de sustenção à mostra



Dificil identificação das raízes de cada uma.
A separação das plantas  foi muito difícil devido ao entrelaçamento também abaixo da terra. Precisei "limpar" mais raizes do que esperava e mais esforço para destorcer algumas e desentrelaçar outras, tanto que acabei quebrando uma delas como pode ser visto abaixo.
Raizes da planta mais desenvolvida. Replantei no escorredor.

Detalhes das raízes em curva

A pivo do emaranhado

Essa curva da raíz maior se entrelaçava completamente com as demais

A terceira que acabei quebrando. Estava "fundida" com a primeira.

As três jabus
 Após árduas 5 horas de trabalho, consegui realocar cada uma em um recipiente diferente, com substratos diferentes para acompanhar suas evoluções a partir de agora. Destaque para a terceira da raiz quebrada, que apesar do incidente, tentarei replantar assim mesmo.
Essa é a com o sistema radicular mais desenvolvido, inclusive ficando com parte das raízes da próxima que quebrou. Subtrato drenoso 50% pedrisco, 30% terra vegetal e 20% humus minhoca. Creio que o estilo Moyogi seja possível.


Nesta com a raíz quebrada vejo o estilo fukinagashi abaixo,porém se sobreviver já estou no lucro. Mantive 50% do substrato original (terra de jardim + humus) adicionando pedrisco, areia e caco de telha.


Com sistema radicular intermediário, essa foi a que me deu maior trabalho. Subtrato semelhante à anterior, contudo, sem terra de jardim, ainda não sei como conduzi-la.
Esse foi um bom trabalho para o fim de semana. O projeto nº 3 que se transformou em 3.1, 3.2 e 3.3. Em breve trago mais novidades de seus desenvolvimentos.

Abraço a todos.
 

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Cidade de MG dá desconto no IPTU para quem planta jabuticaba

Essa é ótima !! Deixa os amigos bonsaístas descobrirem.....



15/02/2011 06h00 - Atualizado em 15/02/2011 06h00

Cidade de MG dá desconto no IPTU para quem planta jabuticaba

Para conseguir abatimento de até 25%, pés devem ter medida mínima.
468 pessoas foram beneficiadas pela lei em 2010.

Do G1 MG
Jabuticabas no pé (Foto: Bruno Starling / Prefeitura de Sabará )Detalhe de um pé de jabuticaba da cidade
(Foto: Bruno Starling / Prefeitura de Sabará )
A prefeitura de Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, dá descontos no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) para pessoas que tiverem pés de jabuticaba em seu imóvel comercial ou residencial.
De acordo com o gerente de arrecadação da Secretaria Municipal de Fazenda da cidade, Arisio Vieira, a lei existe desde 1982, mas a atual administração  diz que não é claro por que foi criada. “Esta lei é antiga. Estamos tentando levantar qual o principal motivo da criação dela. Queremos saber se foi um pedido da população”, disse.
A cidade tem por tradição realizar o Festival da Jabuticaba sempre no último trimestre do ano. De acordo com a Secretaria Municipal de Turismo, o evento é feito na cidade há 28 anos. No festival, produtores vendem a fruta in natura e produtos derivados, como licor, vinho, geleia e molhos, além de pratos que têm a jabuticaba como ingrediente.
Medida mínima
Para o dono da propriedade conseguir o desconto, o caule do pé de jabuticaba deve ter no mínimo cinco centímetros de diâmetro. O abatimento é de 5% por cada pé e cada pessoa pode apresentar no máximo cinco pés. Com isso, o desconto mínimo é de 5% e o máximo, de 25%.
Este benefício é muito bom pelo lado financeiro e pelo prazer de comer a fruta"
Neusa Maria da Silva, que tem  dois pés de jabuticaba em casa
O  contribuinte que quiser o abatimento deve solicitar à prefeitura o desconto e, então, é verificada a quantidade de pés de jabuticabas existentes no imóvel. Segundo o gerente de arrecadação, em 2010, 468 pessoas foram beneficiadas pela lei.

A vice-presidente da Associação dos Produtores de Derivados da Jabuticaba de Sabará (Asprodejas), Neusa Maria da Silva, diz que este ano conseguiu 10% de desconto no IPTU. “Eu tenho duas jabuticabeiras que estão dentro do padrão. Já plantei outra, mas ainda está pequena. Este benefício é muito bom pelo lado financeiro e pelo prazer de comer a fruta”, disse.
Ainda segundo Neusa, a jabuticaba é  importante para Sabará. “Durante o Festival da Jabuticaba a gente expõe os derivados da fruta. Os principais são a geleia, o vinho e o licor. Mas temos também o sorvete, o picolé e vários outros”, disse.
Em 2010, o festival foi em novembro e teve cerca de 18 mil participantes em dois dias. Segundo a secretaria, a data do evento a cada ano só é definida depois da floração dos pés de jabuticaba, que pode variar com clima. Para 2011, o festival ainda não tem data certa.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Momento Reflexões 1

Boa noite aos amigos !

Estreio esse tema após receber uma luz em análise das minhas últimas sessões com minha terapeuta. Aliar o aprendizado na arte bonsai à minha rotina do dia-a-dia, tem me propiciado bons resultados. Bom ansioso que sou, estou tendo que me desdobrar para aguardar e ficar "só namorando" as plantinhas, sem poder acelerar seus crescimentos.

Tenho uma atividade mental muito intensa, e escolhi um excelente hobbie para "dar uma desligada" e aproveitar melhor cada momento do meu dia. Os finais de semana que o digam, e por não ter muitas plantas, realmente passo um tempo planejando e estudando. Em breve buscarei novos desafios com algumas especies, mas isso assunto para outro post.

É curioso como a natureza as vezes nos mostra as lições e se não estamos atentos ou dispostos a observar, simplesmente perdemos. 

Minha reflexão de hoje é inspirada na figuinha do Projeto nº 02 (http://bonsaijuizdefora.blogspot.com/2011/02/projeto-n-02-figueira.html) que, dentre minhas 4 experiencias, foi a que demonstrou melhor capacidade de adaptação aparente. Pela primeira vez em minha vida, pude acompanhar o desenvolvimento de um ciclo completo de uma planta em todas as estações, e pude constatar, a magnitude e divindade da natureza, quando os primeiros frutos apareceram.

Foram sete figos que rapidamente tomaram um tamanho satisfatório com aparência muito suculenta (pude comprovar semanas depois, ehehehe) e o que me chamou mais atenção foi quando ao iniciarem seus desenvolvimentos, a figuinha simplesmente deixou que alguns brotos e jovens ramos e folhas que pareciam continuar a crescer, se estagnassem. Muito curioso, me dediquei diariamente a acompanhar se haveria novas mutações.

O que pude comprovar? A natureza determinou àquela especie que interrompesse o seu crescimento físico em prol do desenvolvimento de seus frutos que continuaram saudáveis até seus amadurecimentos totais na última semana. Hoje, após concluir sua fase nesta estação, a figuinha reiniciou sua dedicação a nutrir tais ramos e folhas, que voltaram a se desenvolver como se estivessem "pausadas" por um momento. Fiquei fascinado !! Um grande aprendizado.

Minha reflexão de hoje me levou a questão análoga aos nossos comportamentos. Até que pontos somos "maquinas" que não descansam e nunca param de pensar e qual o custo disso tudo? Qual a nossa energia? Qual o nosso limite? Dá pra fazer uma pausa?

Me convenci neste momento que o nosso limite é o fim da produção dos nossos frutos. Relaxar, respirar e nos concentrarmos faz parte de uma vida saudável, com relativa qualidade de vida. É isso que nos falta hoje. Deixemos nossos ramos de lado temporariamente em prol de nossos frutos.

Precisamos sim, nos dedicar a uma coisa por vez, a dedicar nossa atenção àquilo que vale a pena, deixemos nossos carros, computadores e celulares de lado por um tempo e voltemos ao nosso coração, sorrisos e caminhadas ao sol. Cuidemos de nossos ciclos, dando toda a nutrição necessária para nossa família, trabalho e amigos, pois se não, perdemos as estações e não vemos os frutos. 

Ferramentas para prática

Rico material sobre ferramentas para iniciantes e profissionais.

http://www.atelierdobonsai.com.br/ferramenta.html

Claro, da turma do Atelier.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Projeto nº 02 - Figueira

Bom dia aos amigos,

Hoje vou aproveitar para apresentá-los o meu segundo projeto no estudo do Bonsai. Na verdade, não pretendo ainda, definir qualquer estilo ao mesmo, até porque gostei da forma que o adquiri.

Nos meus estudos, descobri que existe um tipo de planta vendida em supermercados e algumas floriculturas (principalmente aqui em JF) conhecidas pelo experts como os "Mausais", pois são plantas totalmente comerciais que não tiveram todos os cuidados que um legítimo pré-bonsai necessita.

Muitas vezes são mudinhas muito jovens que não se pode sequer tentar trabalhar, pois precisam de um pouco mais de maturação. Outras são criadas em estufas para promover um desenvolvimento mais rápido (tal como os frangos de hoje) e daí, quando levamos pra casa, não sobrevivem.

Mesmo assim, arrisquei e adquiri este exemplar de Figueira (Ficus Carica) no Carrefour daqui de Juiz de Fora. Apesar de já ter conhecimento deste tipo de comercio, me agradou suas formas e aparente maturidade.
Percebam que possui aquelas pedrinhas de aquário, tipicas destes estabelecimento.
As figueiras ( Fícus ) constituem em uma vasta família de árvores com mais de seiscentas espécies. A maioria é originária de selvas do sudeste asiático e estão classificados como árvores tropicais.  O Fícus benjamim e Fícus retusa são as famílias mais conhecidas na elaboração de bonsai, mas muitas outras espécies são usadas. Suas folhas perenes e lustrosas fazem do Fícus uma árvore com copa densa. Sua resistência impressionante em ambientes internos fazem do Fícus uma das melhores opções na decoração.

Estou aprendendo bastante com meu exemplar, pois não há muita literatura sobre o uso da Ficus Carica para o bonsai.
Desde então, não me arrisquei em modifica-la, me contentando aos cuidados básicos necessários. Desde a sua aquisição há um ano, em Fevereiro de 2010, promovi apenas adubação com Osmocote, farinha de osso e torta de mamona. Alguns meses depois seu crescimento foi muito bom.
Visao frontal com grandes folhas desenvolvidas
Visão interna
Visão oposta (costas)
Em Novembro de 2010 ele começa a apresentar brotinhos que se diferenciavam das folhas que ainda brotavam. Sim !! Eram os frutos que estavam por vir. Segundo minhas pesquisas, somente este tipo de Ficus produz frutos, os figos que conhecemos através, especialmente, dos doces de compotas.Olha eles aparecendo na copa.




E a felicidade do garoto ? Imaginem !!!
Continuei com as manutenções nece sárias implementando apenas uma proteção aérea durante o mes de Janeiro pois aqui em JF o calor estava muito intenso e seco. Virando para este mes de Fevereiro, as folhas caíram no processo natural de desfolha, expondo os frutos.



Agora estarei preparando a planta para mais uma adubação em Março e um possível transplante para um vaso de cerâmica antes da primavera. Estarei atualizando tudo por aqui, não se preocupem. Por ora, admirem, tal como eu, os frutos que já estão na geladeira... hehehehe. Tenham um bom dia.


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Compras on line

Galera,

Não é pra fazer marketing não, mas como me proponho a trazer toda a minha experiência (que não é muita), este site faz parte dos meus primeiros passos. Diferentemente do que acontece com os materiais para estudo e especialização da arte do Bonsai, jardinagem e cuidados em geral com plantas, não há grandes redes comercializando produtos para o nosso hobbie.

Porém, este se destaca, na minha opinião, como o mais completo de todos e bem preparado. Uma das minhas primeiras aquisições pela internet foi um frasco de adubo de longa duração Osmocote. Fiquei muito satisfeito com os preços, formas de pagamento, transparencia e o envio do material com muito cuidado e presteza.

Confiram: http://www.idealbonsai.com.br/

Abraço a todos

Guia por espécie

Amigos,

Uma das minhas maiores curiosidades no início dos estudos era qual planta escolher para começar na nobre arte do Bonsai. Não sabia por onde começar, sendo que ainda estou em aprendizado, e econtrei a bela publicação do Bonsaikai sobre o guia por espécies.

Foi paixão a primeira vista. Sem dúvidas ! Muito claro e bem estruturado, traz noções gerais de cuidados com sol, agua, substrato, inclusive informações técnicas sobre cada especie.

Aos curiosos, vale a pena visitar: http://www.bonsaikai.com.br/Textosparaleitura/GuiadeCuidados.htm

Abraço a todos

Muda, Pré bonsai e Bonsai - colaboração Bonsaikai


 
 
 
O nascimento de uma árvore em seu habitat original ocorre na grande maioria das vezes com a natural produção em massa de sementes que se espalham pelo ambiente de maneiras, as mais curiosas. Algumas sementes com perfis aerodinâmicos perfeitos são levadas pelos ventos e chegam a percorrer quilômetros até reencontrarem o solo. No chão, muito poucas conseguem superar as dificuldades e germinar. Para isso é preciso que nenhum pássaro as aproveite como alimento; que o clima mantenha-se em condições ideais de umidade e temperatura; que o solo onde a semente pousou seja fértil e o local possua condições adequadas de iluminação.
Os primeiros meses de vida também serão difíceis. Nenhum animal pode cobiçar a pequenina muda como alimento, o sol não poderá estar muito forte e nem as chuvas muito agressivas. As condições químicas, físicas e biológicas do solo precisarão estar registradas dentro da memória genética desse vegetal para que ele possa se desenvolver saudável como a árvore que o originou. Somente as mudas mais resistentes e melhor adaptadas ao ambiente sobreviverão. Essa dificuldade toda deixa claro a fragilidade das pequenas mudas.
É muito comum na iniciação da pratica do bonsai que pessoas comecem a cultivar “árvores em vasos” utilizando-se de mudas. Livros de bonsai, normalmente trazem em seu início o tema “Como produzir uma muda de árvore”, com técnicas simples ou mais complicadas como enxertos e alporques. Alguns cursos de iniciação ao bonsai são elaborados para proporcionar o aprendizado de algumas atividades como adubação, troca de terra e até modelagem com arame em árvores muito novas (mudas). Estas práticas de ensinamentos podem ser perigosas, tanto pela inexperiência do iniciante como pela fragilidade das mudas. Infelizmente, muitas pessoas no Brasil que tentaram o cultivo do “bonsai” e desanimaram por não obterem os resultados satisfatórios desejados. Essas pessoas até se identificam com essa “brincadeira chamada bonsai”, mas a insatisfação em ver fenecer um vegetal ou um ser vivo, muitas vezes desanima e provoca desistência.

Quando uma pessoa pela primeira vez se depara com um autentico bonsai, se surpreende e se interroga:
Como podem viver árvores com dimensões tão reduzidas, manter-se tão belas e até mesmo majestosas ?
Como podem viver saudáveis dentro destes minúsculos vasos ?
Sim, é um choque cultural. O mundo ocidental não estava acostumado com o bonsai. Entretanto essa descoberta maravilhosa aconteceu há mais de 2000 anos no oriente e somente a partir do século passado os ocidentais dele tomaram conhecimento. Para nós brasileiros, que usamos as plantas com pouca freqüência em nossos lares, este “milagre” de uma árvore poder ser tratada e modelada tornando-se um objeto de tão rica beleza e encantamento é realmente surpreendente.
Ao adentrarmos em uma boa exposição de bonsai nos deparamos com ARTE.
A mesma arte que encontramos na pintura, escultura, musica, dança e tantas outras formas em que o ser humano põe em prática sua sensibilidade, engenhosidade e inteligência para dominar a matéria a fim de provocar emoções. Mas o bonsai, diferentemente de outros tipos de arte, precisa de muito tempo para apresentar características essenciais que provoquem uma verdadeira emoção estética. A primeira vista podemos dizer que a forma de “mini-árvore” dos bonsai naturalmente nos encanta, pois é forma reduzida do que estamos acostumados a ver e admirar. Mas não é qualquer árvore que nos chama muito a atenção. Na verdade apreciamos aquelas mais altas, mais grandiosas, mais antigas, com troncos rugosos e grossos, com formas e texturas onde é claramente possível identificar sua longevidade; são as que mais nos impressionam. Isto nos dá uma clara idéia de que as árvores mais antigas são as mais belas e emocionantes, e devem ser imitadas. Imitadas em todas as suas formas e beleza.
Tudo o que na natureza nos é possível observar e admirar.
Até parece fácil !
Mas essa naturalidade custa algum tempo para se desenvolver. Somente depois de muitos anos, com podas regulares é que uma muda terá seu tronco engrossado. E se ela for trabalhada desde cedo com podas freqüentes para se pré-determinar um estilo,  será mais fácil transformá-la em um bonsai.
As mudas, que são trabalhadas por algum tempo, geralmente produzidas por viveiros especializados, são chamadas de Pré-bonsai. Estes se caracterizam por seus troncos mais grossos, sua copa com dimensões reduzidas e estilo pré-definido. O pré-bonsai muitas vezes é produzido de galhos através de técnicas especiais que permitem o surgimento de raízes no próprio galho. Esta técnica traz a vantagem de proporcionar troncos mais grossos em relativamente pouco tempo de tratamento. Mas em contra partida não possuem um dos aspectos mais valorizados nos bonsai, seu enrraizamento na base do tronco. De qualquer forma independente da técnica usada, desde que bem usada, as mudas serão na grande maioria das vezes mais frágeis que um pré-bonsai. A reserva de energia de uma árvore é armazenada em sua estrutura de galhos, troncos e raízes, de tal forma que galhos mais finos, raízes pouco desenvolvidas deixam a muda mais frágil.
A definição de bonsai deve ser compreendida e não traduzida. O bonsai não é só um substantivo, mas também um verbo. Qualquer tratamento que se dê a esta “arvore envasada”, inclusive o mais simples, é definido como bonsai. Bonsai é regar, bonsai é adubar, bonsai é transplantar, bonsai é podar, bonsai é caprichar..., o melhor de tudo é que o bonsai é um lazer artístico acessível a todas as pessoas, e não somente aos grandes mestres.
É muito importante para os iniciantes esta compreensão de prazer lúdico ao “brincarmos” com o bonsai. Muitas vezes, a mentalidade ocidental nos faz querer tudo de uma maneira imediatista e competitiva. O cultivo do bonsai carrega em si muito do espírito oriental antigo, onde o tempo não tem tanta importância, onde a felicidade pode ser encontrada em pequenos detalhes do dia a dia e onde o perfeccionismo se impõe fortemente. Infelizmente nossa modernidade carrega como qualidades o resultado rápido, e é muito comum no ocidente o valor das exibições em que os mestres procuram mostrar a transformação de um pré-bonsai em bonsai em uma única exibição de 3 ou 4 horas. Estas práticas são incomuns no Japão. Devemos procurar conhecer esse “outro lado”, buscar continuamente o prazer nas pequenas ações que esta prática nos proporciona, sem ansiedade, melhorar cada vez mais um bonsai independentemente de sua idade, pois o efeito em nosso crescimento será igual.
Entretanto é necessário compreender a existência de uma visão ocidental e que esta deve ser respeitada. Mas certamente o praticante ocidental de bonsai poderá ganhar muito ao descobrir que esta pode ser uma forma de aprimoramento de qualidades essencialmente humanas, como a paciência, a humildade, a tenacidade, a perspicácia e serenidade de espírito. A concentração e a disciplina exigida pelo bonsai e o estado sereno necessário para sua prática nos remetem a um estado meditativo que nos permite ausentarmo-nos de nosso ego e nos tornarmos mais placidamente irmanados com a natureza.